Produção Textual - ENEM

Produção Textual - ENEM

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O Barroco em Portugal ( Atividade para prova global)

O AMOR E A RAZÃO
Por Pe Antônio Vieira

Pinta-se o amor sempre menino, porque ainda que passe dos sete anos [...], nunca chega à idade de uso da razão. Usar razão e amar são duas coisas que não se juntam. A alma de um menino que vem a ser? Uma vontade com afetos e um entendimento sem uso. Tal é o amor vulgar. Tudo conquista o amor, quando conquista uma alma; porém o primeiro rendido é o entendimento. Ninguém teve a vontade febricitante, que não tivesse o entendimento frenético. O amor deixará de variar, se for firme, mas não deixará de tresvariar, se é amor. Nunca o fogo abrasou a vontade, que o fumo não cegasse o entendimento. Nunca houve enfermidade no coração, que não houvesse fraqueza no juízo.
“Sermão do Mandato”. In Sermões. Rio de Janeiro, Agir, 1957.

VOCABULÁRIO
idade de uso da razão - segundo o costume, considera-se que uma criança começa a fazer uso da razão, isto é, a distinguir o certo e o errado, aos sete anos.
febricitante - febril
frenético - delirante, desvairado.
tresvariar - delirar, estar fora de si, dizer ou fazer disparantes.

Atividades

1. Sendo parte de um sermão, esse fragmento possui uma estrutura argumentativa: uma afirmação central e os argumentos com que o pregador procura convencer o ouvinte. Copie a afirmação central do fragmento.

2. Que argumento o autor usa para justificar sua afirmação de que o amor não chega jamais à idade da razão?

3. Quando o amor conquista uma alma, qual é o primeiro derrotado?

4. Segundo Vieira, o delírio é consequência necessária da febre.
Copie do texto duas frases que repetem, com outras imagens, esse mesmo argumento.

5. Comente: "O amor deixa de variar, se for firme, mas não deixará tresvariar, se é amor".

São características do Barroco:

* Cultismo - Uso exageradamente de metáforas , antíteses ou seja de figuras de linguagens, que chegam a dificultar o entendimento. É descritivo.
* Conceptismo - é analítico, utilizando se mais da razão.
* Pessimismo.
* Desequilíbrio entre a razão e a emoção.
* Dualismo; contradição
* Tendência à ilusão
* Predomínio de figuras de linguagens

TEXTO II

"[...] Para um homem se ver a si mesmo, são necessárias três coisas: olhos, espelhos e luz. Se tem espelhos e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelho e olhos, e é de noite, não se pode ver falta de luz. Logo, há mister luz,há mister espelho e há mister olhos. Que coisa é a conversão de uma alma, senão entrar um homem dentro em si e ver-se a si mesmo? Para esta vista são necessários olhos, é necessária luz e é necessário espelho. O pregador concorre com o espelho, que é a doutrina; Deus concorre com a luz, que é a graça; o homem concorre com os olhos, que é o conhecimento[...]

Pe. Vieira

6.Responda com base no texto II.

a. O texto é predominantemente cultista ou conceptista?

b. A quem correspondem os elementos:
(1) olhos ( ) Deus
(2) espelho ( ) pregador
(3) luz ( ) ouvintes

c. Para convencer uma alma é necessário:
(a) Pregador ( ) com a graça , iluminando
(b) Ouvinte ( ) com o entendimento, percebendo
(c) Deus ( ) com a doutrina, persuadindo (convencendo)

domingo, 21 de novembro de 2010

literatura
1. Quem iniciou a literatura informativa sobre o Brasil?

2. Qual a importância dos textos de literatura informativa?

3. Cite algumas características da poesia de José de Anchieta?

4. Qual a finalidade do teatro de Anchieta?

5. Qual a mais importante peça do teatro de Anchieta?

Pesquise

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Questões do SPAECE ( Banco de questões do SPAECE)

ATIVIDADE - 01
(Descritor 05) TEXTO:
UM ÍNDIO

“Um índio descerá
De uma estrela colorida brilhante
De uma estrela que virá
Numa velocidade estonteante
E pousará no coração do Hemisfério Sul, na América num claro instante.
(...)”

O trecho retrata o índio de maneira
(A) conceituada.
(B) exaltada.
(C) formalizada.
(D) problematizada.
(E) realista.

(Descritor 16)TEXTO:
Graças aos esforços de Gandhi, a Índia conquistou a independência da dominação inglesa a 15 de agosto de 1947. Por causa dos conflitos religiosos entre hindus e mulçumanos, o país foi dividido em dois, a Índia (de religião hinduísta) e o Paquistão (de religião mulçumana). A divisão persiste até os dias de hoje. Gandhi, o messias da não-violência, foi vítima da violência. A 30 de janeiro de 198 um brâmane fanático o assassinou. Recebeu do povo o título de Mahatma que significa a Grande Alma.
(BOFF, Leonardo. Saber cuidar. Petrópolis: Vozes, 7ª ed., 2001.. p.178)

De acordo com o texto, ocorre uma relação causa x conseqUência em
(A) conflitos religiosos x divisão do país.
(B) Gandhi x violência.
(C) hindus x mulçumanos.
(D) Índia x messias da não-violência.
(E) Mahatma x Grande Alma.

(Descritor 20)TEXTO:
Me alimentaram
Me acariciaram
Me aliciaram
Me acostumaram
O meu mundo era o apartamento
Detefon. Almofada e trato
Todo dia filé mignon.

(HENRIQUEZ, Luiz/ BARDOTTI, Sérgio/ BUARQUE, CHICO. In Chico Buarque de Hollanda. Literatura comentada. São Paulo: Nova Cultural, 1980.)

Os autores, nesta música optaram pelo pronome oblíquo “me” no início de quatro versos para
(A) indicar o desconhecimento do uso da colocação pronominal.
(B) criticar a norma culta da língua.
(C) manifestar elogios a variedade coloquial da língua.
(D) ridicularizar o modo de falar das pessoas.
(E) tornar mais espotânea a linguagem do texto.

(Descritor 02) TEXTO:
O LOBO E O CORDEIRO
Vamos mostrar que a razão do mais forte é sempre a melhor.
Um cordeiro matava a sede numa corrente de água pura, quando chega um lobo cuja fome o levava a buscar caça.
– Que atrevimento é esse de sujar a água que estou bebendo? diz enfurecido o lobo. – Você será castigado por essa temeridade.
– Senhor – respondeu o cordeiro –, que Vossa Majestade não se encolerize e leve em conta que estou bebendo vinte passos mais baixo que o Senhor. Não posso, pois< sujar a água que está bebendo.
– Você a suja – diz o cruel animal. – Sei que você falou mal de mim no ano passado.
– Como eu poderia tê-lo feito, se não havia sequer nascido? – respondeu o cordeiro. – Eu ainda mamo.
– Se não foi você, foi seu irmão.
– Eu não tenho irmãos.
– Então, foi alguém dos seus, porque todos vocês, inclusive pastores e cães, não me poupam. Disseram-me isso e, portanto, preciso vingar-me.
Sem fazer nenhuma outra forma de julgamento, o lobo pegou o cordeiro, estraçalhou-o e devorou-o.
(LA FONTAINE, Jean de. Fables. Tours. Alfred Mame et Fils, 1918. v.1. p.10.)

No trecho “…a razão do mais forte é sempre a melhor”, está expressa a idéia de que
(A) o lobo se sentiu dono da água por ser maior que o cordeiro.
(B) o lobo usou todos os argumentos para humilhar o cordeiro que era sempre manso.
(C) pensando que o cordeiro havia falado mal dele resolveu devorá-lo.
(D) aproveitando-se de sua grandeza física sente-se no direito de devorá-lo, sem justificativa.
(E) a aproximação entre o lobo e o cordeiro, através de conversa irritante, facilitou a captura.

(Descritor 13) TEXTOS:
CANÇÃO DO EXÍLIO

Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de ametistas,
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
A gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado
em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade.
(MENDES, Murilo. Apud. PLATÃO, Francisco & FIORIN, José Luiz. In: PARA ENTENDER O TEXTO – LEITURA E REDAÇÃO. 10ª ED. São Paulo:Ática, 1995, pp.20-21.)

CANÇÃO DE EXÍLIO

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem mais palmeiras,
Onde canta o sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
(DIAS, Gonçalves. Apud. PLATÃO, Francisco & FIORIN, José Luiz. In: PARA ENTENDER O TEXTO – LEITURA E REDAÇÃO. 10ª ED. São Paulo:Ática, 1995, pp. 24-25.)

O escritor Murilo Mendes participou ativamente da 1ª fase modernista, considerada de ruptura em relação aos moldes literários vigentes. Já Gonçalves Dias, poeta da 1ª geração romântica, é considerado ufânico, idealista e nacionalista como seus companheiros. Essa disparidade entre membros e produções de períodos literários tão diferentes e distantes entre si ocasiona o uso de
(A) temas, formas e estilos diferentes.
(B) ) temas, formas e estilos semelhantes.
(C) temas semelhantes, mas formas e estilos diferentes.
(D) temas e formas semelhantes, mas estilos diferentes.
(E) temas e estilos diferentes, mas forma semelhante.

Os descritores para o SPAECE

DESCRITORES DO SPAECE PARA 1ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO

TEMA: Quanto à informação do texto verbal e / ou não verbal.

D1. Localizar informação explícita.
D2. Inferir informação em texto verbal.
D3. Inferir o sentido de palavra ou expressão.
D4. Interpretar textos não-verbais e textos que articulam elementos verbais e não-verbais.
D5. Identificar o tema ou assunto de um texto.
D6. Distinguir fato de opinião relativa ao fato.
D7. Diferenciar a informação principal das secundárias em um texto.
D8.Formular hipóteses sobre o conteúdo do texto.

TEMA: Quanto aos gêneros associados às sequências discursivas básicas.

D9. Reconhecer o gênero discursivo.
D10. Identificar o propósito comunicativo em diferentes gêneros.
D11. Reconhcer os elementos que compõem uma narrativa.

TEMA: Quanto às relações entre textos.

D12. Identificar semelhanças e/ou diferenças de ideias e opiniões na comparação entre textos.
D13. Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação na comparação de textos de um mesmo tema.

TEMA: Quanto às relações de coesão e coerência.

D14. Reconhecer as relações entre partes de um texto, identificando os recursos coesivos que contribuem para sua continuidade.
D15.
D16.
D17. Reconhecer o sentido das relações lógico-discursivas marcadas por conjunções, advérbios, etc.
D18.

TEMA: Quanto aos recursos expressivos no texto.

D19. Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de palavras, frases ou expressões.
D20. Identificar o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações.
D21. Reconhecer o efeito decorrente do emprego de recursos estilísticos e morfossintáticos.
D22. Reconhecer efeitos de humor e ironia.

TEMA: Quanto aos aspectos sociais da linguagem.

D23. Identificar os níveis de linguagem e/ou as marcas linguísticas que evidenciam locutor e/ ou interlocutor.

ATIVIDADE - 02 / Questões do SPAECE (Fonte. Relatório Técnico-Pedagógico de Língua Portuguesa )

Ed. Abril, 1980, p.18.)


(Descritor 10) -
01. Texto: I . CARTA DE PERO VAZ DE CAMINHA
(Fragmento)
Na noite seguinte ventou tanto sueste com chuvaceiros, que as naus desviaram-se do rumo, e especialmente a capitânia.
(CAMINHA, Pero Vaz de.Carta a El Rey Dom Manoel. Versão moderna de Rubem Braga, Record, 1981.)

Texto II
ERRO DO PORTUGUÊS

Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.
(ANDRADE, Oswald de Pau Brasil, Globo,1990.)

A semelhança entre os textos I e II acontece, quando os autores se referem
(A) ao índio.
(B) a naus.
(C) ao sol.
(D) aos ventos.
(E) à chuva.

(Descritor 19)-
02. AOS POETAS CLÁSSICOS

Poetas niversitário,
Poetas de Cadêmia,
De rico vocabularo
Cheio de mitologia;
Se a gente canta o que pensa,
Eu quero pedir licença,
Pois mesmo sem português
Neste livrinho apresento
O prazê e o sofrimento
De um poeta camponês.

Eu nasci aqui no mato,
Vivi sempre a trabaiá,
Neste meu pobre recato,
Eu não pude estudá.
No verdô de minha idade,
Só tive a felicidade
De dá um pequeno insaio
In dois livro do iscritô,
O famoso professô
Felisberto de Carvaio.
(Patativa do Assaré, Canta aqui que canto lá.)

. Na poesia de Patativa do Assaré, percebe-se a ocorrência de um tipo de variante lingüística, que foge às regras das competências da linguagem formal ou padrão. Contudo, verifica-se que tal linguagem pertence a uma classe específica de falantes da língua que vivem no meio:
(A) familiar.
(B) fraterno.
(C) rural.
(D) acadêmico.
(E) político.

(Descritor 22) -
03. TEXTO:
Não adiantava nada que o céu estivesse azul
porque a alma de Nicolino estava negra.
– Ei, Nicolino! NICOLINO!
– Que é?
– Você está ficando surdo, rapaz! A Grazia passou agorinha mesmo.
– Des-gra-ça-da!
– Deixa de fita. Você joga amanhã contra o Esmeralda?
– Não sei ainda.
– Não sabe? Deixa de fita, rapaz! Você...
– Ciao.
– Veja lá, hein! Não vá tirar o corpo na hora. Você é a garantia da defesa.
A desgraçada já havia passado.
(MACHADO,Antônio de Alcântara. Novelas paulistanas. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1981. p. 22-3)

No texto, a palavra NICOLINO foi grafada com maiúsculas porque o interlocutor teve a intenção de
(A) atrair a atenção do leitor.
(B) criticar o Nicolino.
(C) chama-lo mais alto.
(D) expressar um vocativo.
(E) valorizar Nicolino.

(Descritor -14) -
04. TEXTO:
OLHOS DE LORENZO
Um pai fica desesperado ao saber que o filho é portador de uma doença degenerativa e só tem mais dois anos de vida. Contra o ceticismo dos médicos, ele cria um remédio caseiro que salva o garoto, o pequeno Lorenzo. Parece roteiro de filme. E é. Levado ao cinema em 1992, com Nick Nolte no papel do pai, o drama agora chegou a um final feliz. Em setembro, o neurologista Hugo Moser, do Kennedy Krieger institute, em Baltimore, nos Estados Unidos, divulgou os resultados de uma pesquisa que prova a eficiência do óleo de Lorenzo (uma mistura dos ácidos oléico e erúcico no combate à adrenoleucoditrofia (ALD). A doença leva à perda de melanina. Sem ela, o portador pára de se mover, ouvir, falar e respirar.
(MIRANDA, Celso. Revista Superinteressante. Ed. Abril, nov. 2002)

Na frase “E é” uma expressão foi omitida para evitar repetição. Trata-se de
(A) ceticismo dos médicos.
(B) doença degenerativa.
(C) portador de doença.
(D) remédio caseiro.
(E) roteiro de filme.

(Descritor 01)
05. TEXTO:
A TELEVISÃO E A VOLTA ÀS CAVERNAS

Camões comunica-se conosco, quatro séculos depois de sua morte, porque se utilizou dessa ferramenta insubstituível que é a palavra num papel, ou papiro, ou numa prensa.
(TOLEDO, Roberto pompeu de. VEJA, 25 jun. 1997.)

No texto, Camões depois de sua morte,
(A) comunica-se conosco.
(B) substitui o papel.
(C) transforma a prensa.
(D) usa o papiro.
(E) utiliza-se de ferramentas.

(Descritor -05)
06.TEXTO:
CIDADEZINHA QUALQUER

Casas entre bananeiras
Mulheres entre laranjeiras
Pomar amor cantar.

Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.

Devagar as janelas olham,

Eta vida besta, meu Deus>
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Literatura comentada. São Paulo: Abril, 1980, p.18/19)

Os versos “Um homem vai devagar/ Um cachorro vai devagar/Um burro vai devagar” indicam
(A) agitação da cidade.
(B) monotonia da cidade.
(C) pobreza da cidade.
(D) pressa do povo.
(E) tristeza do povo.
07.TEXTO:
As primeiras linhagens com células troncos (CTS) embrionárias surgiram em 1998, e junto com elas a enorme expectativa de seu uso terapêutico. Porém, antes de começarmos testes clínicos injetando (CTS) embrionárias em seres humanos, temos algumas questões fundamentais que devem ser resolvidas.
(PEREIRA, Lygia V. Revista Scientific American, p. 20. Nº 35 – abril/2005)
O texto é
(A) descritivo.
(B) humorístico.
(C) informativo.
(D) narrativo.
(E) poético.

(Descritor05)
08. TEXTO: NO MEIO DO CAMINHO (Fragmento)

No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Literatura Comentada.


Ed. Abril, 1980, p.18.)


O verso “No meio do caminho tinha uma pedra” informa que
(A) existem obstáculos ao longo da vida.
(B) a pedra impede nossa passagem.
(C) o caminho é feito de pedras.
(D) os olhos enxergam apenas pedras.
(E) o caminho não tem pedras.

domingo, 19 de setembro de 2010

PORTUGUÊS - AVALIAÇÃO PARCIAL




01. Com base na PRIMEIRA tira responda:

a. Quais são as palavras antônimas em que se basei o humor da tira?

b. Essas palavras indicam características externas ou internas?

c. Por que a última palavra empregada pela personagem é reponsável por criar humor?

Leia a SEGUNDA tira, de Fernado Gonsales,e reponda às questões propostas.

02. Observe os elementos que 1ª e no 2° quadrinhos estabelecem a situação comunicativa. Tomando como base apenas esses dois quadrinhos e considerando quem são os interlocutores, o diálogo e a expressão facial e corporal das persongens, responda:

a. Qual é aparentemente, a intenção do gato ao dizer ao rato " Não adianta fungir! Você está encurralado!?

b. Pela resposta e pelo comportamento do rato, o que ele parece estar sentindo?

03. Somente quando lemos o 3° quadrinho passamos a ter conhecimentode uma informação nova sobre a situação comunicativa, a qual atribui sentidos diferentes ao diálogo entre gato e rato.
a. Qual é essa informação?

04. Leia estes grupos de palavras :
* honestidade, fidelidade, preguiça, sinceridade, perserverança.
* verde, vermelho, amargo, alaranjado, cor-de-rosa.
* borboleta, beija-flor, pardal, canário, colibri

a.Em cada grupo de palavras, existe uma que não pertence am mesmo campo semântico das demais. Indique-a.

b. As palavras de cada grupo que pertencem ao mesmo campo semântico podem ser hipônimos de uma hiperônimo. Quais são esses hiperônimos?

05.Reescreva a frase de modo a desfazer a ambiguidade:
Trouxe o remédio para seu pai que está doente neste frasco.


PROFESSORA - VENNISTELA

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

LEIA

"Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as
imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter
consciência de que é dono do seu destino.

"Louco" é quem não procura ser feliz com o que possui.

"Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria,
e só têm olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.

"Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o
apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer
garantir seus tostões no fim do mês.

"Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da
máscara da hipocrisia.

"Paralítico" é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de
sua ajuda.

"Diabético" é quem não consegue ser doce.

"Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer.

E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois:

"Miseráveis" são todos que não conseguem enxergar a grandeza de Deus.

"A amizade é um amor que nunca morre."
Deficiências - Mário Quintana

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O POEMA

ATIVIDADE 1

PERGUNTAS E RESPOSTAS !!
ELIAS JOSÉ

- VOCÊ CONHECE O JOÃO?
-AQUELE QUE LHE DEU UM BOFETÃO?
- VOCÊ CONHECE O ZÉ?
- AQUELE QUE PEGOU NO SEU PÉ?
- VOCÊ CONHECE A MARA?
- AQUELA QUE TIROU SARRO DA SUA CARA?
- VOCÊ CONHECE A ESMERALDA?
- AQUELA QUE TROCOU SUA FRALDA?
- VOCÊ CONHECE A MARIETA?
- AQUELA QUE LHE FEZ CARETA?
- VOCÊ CONHECE O VIEIRA?
- AQUELE QUE FEZ SUA CAVEIRA?
- VOCÊ CONHECE O CHICO?
- AQUELE QUE LHE DEU UM PENICO?
- VOCÊ CONHECE O JOAQUIM?
- CONHEÇO, MAS CHEGA..
E FIM!...


* AGORA VOCÊ É O POETA! CRIE OUTRA VERSÃO PARA O POEMA “PERGUNTAS E RESPOSTAS !!

- VOCÊ CONHECE O ____________________________________?
- AQUELE QUE ________________________________________?
- VOCÊ CONHECE A ____________________________________?
- AQUELA QUE ________________________________________?
- VOCÊ CONHECE O ____________________________________?
- AQUELE QUE ________________________________________?
- VOCÊ CONHECE A ____________________________________?
- AQUELA QUE ________________________________________?
- VOCÊ CONHECE O ____________________________________?
- AQUELE QUE ________________________________________?
- VOCÊ CONHECE A ____________________________________?
- AQUELA QUE ________________________________________?

O POEMA

ATIVIDADE 2
* COMPLETE O POEMA, CONSULTANDO O BANCO DE PALAVRAS:

NAS RUAS DA CIDADE

LÁ NA RUA 21,
O PIPOQUEIRO SOLTA UM _________________.
LÁ NA RUA 22,
O PORTUGUÊS DIZ ________________________.
LÁ NA RUA 23,
JOÃO NAMORA A BELA ____________________.
LÁ NA RUA 24,
A ANINHA TIROU _________________________.
LÁ NA RUA 25,
CAIU UM BARRACO DE ____________________.
LÁ NA RUA 26,
O SORVETEIRO QUER _____________________.
LÁ NA RUA 27,
PEDRO CHAMA A PRIMA ___________________.
LÁ NA RUA 28,
A VERINHA VENDE ________________________.
LÁ NA RUA 29,
A MOLECADA SÓ SE ______________________.
LÁ NA RUA 30,
PARO, POIS A RIMA JÁ NUM _______________________.

ELIAS JOSÉ
BETE - ZINCO - FREGUÊS - PINTA - PUM - RETRATO - MOVE - POIS-POIS - INÊS - BISCOITO

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Fábulas

O lobo e o cordeiro - Jean de La Fontaine ( Tradução de Luciano Vieira Machado).

Numa tarde, num límpido regato,
um cordeiro, sereno, tomava água.
Eis que surge um lobo faminto:
-Como ousas sujar minha água?
-diz o lobo fingindo estar magoado
- Logo vai uma punição receber por ter desafiado o perigo.
O cordeiro responde:
-Senhor, não se zangue: não vê que estou a vinte passos abaixo de ti e, portanto, seria impossível macular a sua água?
- Tu a sujas; além disso, estou informado que falaste de mim no ano que passou -diz o bicho feroz.
- Como posso ter ofendido se ainda minha mãe mão havia dado a luz, e ainda bebo o leito materno?
- Ora, ora, se não foste tu, com certeza foi teu irmão.
- Não tenho irmão.
- Então foi alguns dos teus: nunca me deixais em paz, tu teus pastores e cães; se faz a vingança necessária.
E no fundo da floresta com todo o sossego lobo devorava o cordeiro sem outra formalidade

Moral: A razão do mais forte vai sempre vencer


Leitura da fábula “O lobo e o cordeiro”

A razão do mais forte é a que vence no final
(nem sempre o Bem derrota o Mal).
Um cordeiro a sede matava
nas águas limpas de um regato.
Eis que se avista um lobo que por lá passava
em forçado jejum, aventureiro inato,
e lhe diz irritado: - "Que ousadia
a tua, de turvar, em pleno dia,
a água que bebo! Hei de castigar-te!"
- "Majestade, permiti-me um aparte" -
diz o cordeiro. - "Vede
que estou matando a sede
água a jusante,
bem uns vinte passos adiante
de onde vos encontrais. Assim, por conseguinte,
para mim seria impossível
cometer tão grosseiro acinte."
- "Mas turvas, e ainda mais horrível
foi que falaste mal de mim no ano passado.
- "Mas como poderia" - pergunta assustado
o cordeiro -, "se eu não era nascido?"
- "Ah, não? Então deve ter sido
teu irmão." - "Peço-vos perdão
mais uma vez, mas deve ser engano,
pois eu não tenho mano."
- "Então, algum parente: teus tios, teus pais. . .
Cordeiros, cães, pastores, vós não me poupais;
por isso, hei de vingar-me" - e o leva até o recesso
da mata, onde o esquarteja e come sem processo.

La Fontaine. Fábulas, 1992.

Trabalhando a estrutura do texto - Responda em seu caderno.
a) Enumere, pelos menos, três adjetivos definidores do caráter do lobo e do cordeiro.

b) O encontro do lobo e do cordeiro acontece “nas águas limpas de um regato”. É possível determinar a localização exata do cenário onde se passa a ação? Justifique sua resposta.

c) No verso “foi que falaste mal de mim no ano passado”, a expressão grifada permite situar a ação no tempo? Explique sua resposta.

d) O que nos permite afirmar que o lobo e o cordeiro eram velhos conhecidos?

e) Enumere os argumentos usados pelo lobo para justificar o castigo imposto ao cordeiro.

f) A fábula apresenta um ensinamento ao leitor. Que ensinamento é este e quem o transmite?

g) Por que o segundo verso – (nem sempre o Bem derrota o Mal) - está colocado entre parênteses? O que significa a expressão “nem sempre”?

h) Complete a frase, explicando-a com as suas palavras:
A razão do mais forte é a que vence no final, pois _____________________________________

2. No jogo de argumentos e contra-argumentos, qual dos dois tinha razão; o lobo ou o cordeiro?
3.Foi mesmo por vigança que o lobo devorou o cordeiro? Justifique sua resposta.
4. A moral é coerente com a fábula?por quê?

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Avaliando seus conhecimentos

AGENTE ADMINISTRATIVO - QUEIMADOS/RJ
TEXTO 1
DESAPARECIMENTO DOS ANIMAIS

Tente imaginar esta cena: homens, animais e florestas convivendo em harmonia. Os homens retiram das plantas apenas os frutos necessários e cuidam para que elas continuem frutificando; não matam animais sem motivo, não sujam as águas de seus rios e não enchem de fumaça seu ar. Em outras palavras: as relações entre os seres vivos e o ambiente em que vivem, bem como as influências que uns exercem sobre os outros, estão em equilíbrio. (...)
Nossa preocupação (de brasileiros) não é só controlar a exploração das florestas, mas também evitar uma de suas piores conseqüências: a morte e o desaparecimento total de muitas espécies de animais. Apesar de nossa fauna ser muito variada, a lista oficial das espécies que estão desaparecendo já chega a 86 (dentre elas, a anta, a onça, o mico-leão, a ema e o papagaio).
E a extinção desses animais acabará provocando o desequilíbrio do meio ambiente, pois o desaparecimento de um deles faz sempre com que aumente a população de outros. Por exemplo: o aumento do número de piranhas nos rios brasileiros é conseqüência do extermínio de seus três inimigos naturais - o dourado, a ariranha e o jacaré.
(Nosso Brasil, 1979)

1) O autor propõe ao leitor que imagine uma cena para que ela funcione como:
a) um ideal a ser alcançado
b) uma fantasia que nunca se realizará
c) um objetivo a que se deve dar as costas :,
d) uma finalidade dos grupos religiosos
e) uma mensagem de fraternidade cristã

2) “...homens, animais, florestas e oceanos convivendo em harmonia.”; na continuidade do texto, o autor mostra que:
a) esqueceu-se de referir-se aos rios.
b) o homem é o agente desequilibrador da natureza.
c) os animais não matam seus semelhantes sem motivo.
d) a poluição do ar também tem causas naturais.
e) os seres vivos vivem em equilíbrio no mundo atual.

3) O item em que o elemento destacado tem um vocábulo correspondente indicado de forma adequada é:
a) “...convivendo EM harmonia.” - harmoniosas
b) “...não matam animais SEM motivo,...” - impensadamente
c) “...influências que uns EXCERCEM SOBRE OS OUTROS...” - recíprocas
d) “...estão EM equilíbrio.” - equilibradamente
e) “...controlar a EXPLORAÇÂO das florestas...” - ecológica

4) “Os homens retiram das plantas apenas os frutos necessários...”; esta parte da cena proposta pelo autor defende que:
a) não deixe para amanhã o que pode fazer hoje.
b) Deus provera o dia de amanhã.
c) se souber usar não vai faltar.
d) a ciência prevê para poder prover.
e) quem espera sempre alcança.

5) No final do primeiro parágrafo aparecem dois parênteses com pontos; isso significa que:
a) o autor deixou de dizer outras coisas importantes.
b) o texto deixou de reproduzir uma parte do texto original.
c) parte do original do texto esta ilegível.
d) nesse espaço havia uma ilustração que foi omitida.
e) havia originalmente trechos em outras línguas.

6) O que o primeiro parágrafo tenta defender é:
a) o equilíbrio ecológico
b) a extinção dos animais
c) a despoluição ambiental
d) o reflorestamento
e) a proteção dos rios e oceanos

7) “Nossa preocupação (de brasileiros)...”; o que vai entre parênteses, nesse caso, é:
a) a retificação de uma ambigüidade (Correção de um termo anterior)
b) a explicação de um termo anterior
c) a particularização de um significado
d) a inclusão de uma idéia já explícita
e) um comentário para o leitor

8) O risco a que se refere o autor do texto com o último período do texto é:
a) a extinção dos jacarés, ariranhas e dourados
b) o excesso de piranhas nos rios brasileiros
c) a mortandade de outros peixes provocada pelas piranhas
d) a desarmonia populacional das espécies animais
e) a falta de alimento para o povo brasileiro

9) A relação entre a morte do dourado e a piranha é a de:
a) causa / conseqüência
b) efeito / causa
c) agente / paciente
d) fato / agente
e) motivação / ação

10) Falando dos perigos que o desaparecimento dos animais provoca em nosso ambiente, o autor apela para:
a) a sedução do leitor, mostrando as belezas do mundo natural.
b) a intimidação do leitor, indicando os males que daí advêm.
c) a provocação do leitor, desafiando-o a mudar seu comportamento.
d) o constrangimento do leitor, deixando-o envergonhado por suas atitudes.
e) a tentação do leitor, prometendo-lhe uma recompensa por seus atos.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Atividade em dupla

Faça uma análise sobre a crônica : Um Caso de Burro, de Machado de Assis.
Destaque o narrador, as personagens, onde ocorreu a história e o que aconteceu de interessante?


NÃO ESQUEÇA QUE SUA PARTICIPAÇÃO É FUNDAMENTAL PARA SUA APRENDIZAGEM.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

PARA PROVA!

Peladas
Armando Nogueira
Esta pracinha sem aquela pelada virou uma chatice completa: agora, é uma babá que passa, empurrando, sem afeto, um bebê de carrinho, é um par de velhos que troca silêncios num banco sem encosto.
E, no entanto, ainda ontem, isso aqui fervia de menino, de sol, de bola, de sonho: "Eu jogo na linha! eu sou o Lula!; no gol, eu não jogo, tô com o joelho ralado de ontem; vou ficar aqui atrás: entrou aqui, já sabe". Uma gritaria, todo mundo se escalando, todo mundo querendo tirar o selo da bola, bendito fruto de uma suada vaquinha.
Oito de cada lado e, para não confundir, um time fica como está; o outro joga sem camisa.
Já reparei uma coisa: bola de futebol, seja nova, seja velha, é um ser muito compreensivo que dança conforme a música: se está no Maracanã, numa decisão de título, ela rola e quiçá com um ar dramático, mantendo sempre a mesma pose adulta, esteja nos pés de Gérson ou nas mãos de um gandula.
Em compensação, num racha de menino ninguém é mais sapeca: ela corre para cá, corre para lá, quica no meio-fio, para de estalo no canteiro, lambe a canela de um, deixa-se espremer entre mil canelas, depois escapa, rolando, doida, pela calçada. Parece um bichinho.
Aqui, nessa pelada inocente é que se pode sentir a pureza de uma bola. Afinal, trata-se de uma bola profissional, uma número cinco, cheia de carimbos ilustres: "Copa Rio-Oficial", "FIFA - Especial". Uma bola assim, toda de branco, coberta de condecorações por todos os gomos (gomos hexagonais!), jamais seria barrada em recepção do Itamaraty.
No entanto, aí está ela, correndo para cima e para baixo, na maior farra do mundo, disputada, maltratada até, pois, de quando em quando, acertam-lhe um bico, ela sai zarolha, vendo estrelas, coitadinha.
Racha é assim mesmo: tem bico, mas tem também sem-pulo de craque como aquele do Tona, que empatou a pelada e que lava a alma de qualquer bola. Uma pintura.
Nova saída.
Entra na praça batendo palmas como quem enxota galinha no quintal. É um velho com cara de guarda-livros que, sem pedir licença, invade o universo infantil de uma pelada e vai expulsando todo mundo. Num instante, o campo está vazio, o mundo está vazio. Não deu tempo nem de desfazer as traves feitas de camisas.
O espantalho-gente pega a bola, viva, ainda, tira do bolso um canivete e dá-lhe a primeira espetada. No segundo golpe, a bola começa a sangrar. Em cada gomo o coração de uma criança.
Os melhores da crônica brasileira. Rio de Janeiro: José Olympio, 1977.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

PARA PROVA

A Última Crônica - Fernando Sabino

"A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.

Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.

Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho - um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular. A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.

São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "Parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura - ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido - vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.

Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso."

PARA PROVA!!!

O amor acaba
Paulo Mendes Campos
O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania1 da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.
1. No sentido literário, epifania é um momento privilegiado de revelação quando ocorre um evento que "ilumina" a vida da personagem.
O amor acaba - Crônicas líricas e existenciais. 2ª- ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Leia!

A bola
Luis Fernando Verissimo
O pai deu uma bola de presente ao filho. Lembrando o prazer que sentira ao ganhar a sua primeira bola do pai. Uma número 5 sem tento oficial de couro. Agora não era mais de couro, era de plástico. Mas era uma bola.
O garoto agradeceu, desembrulhou a bola e disse "Legal!". Ou o que os garotos dizem hoje em dia quando gostam do presente ou não querem magoar o velho. Depois começou a girar a bola, à procura de alguma coisa.
- Como e que liga? - perguntou.

- Como, como é que liga? Não se liga.
O garoto procurou dentro do papel de embrulho.
- Não tem manual de instrução?
O pai começou a desanimar e a pensar que os tempos são outros. Que os tempos são decididamente outros.
- Não precisa manual de instrução.
- O que é que ela faz?
- Ela não faz nada. Você é que faz coisas com ela.
- O quê?
- Controla, chuta...
- Ah, então é uma bola.
- Claro que é uma bola.
- Uma bola, bola. Uma bola mesmo.
- Você pensou que fosse o quê?
- Nada, não.
O garoto agradeceu, disse "Legal" de novo, e dali a pouco o pai o encontrou na frente da tevê, com a bola nova do lado, manejando os controles de um videogame. Algo chamado Monster Baú, em que times de monstrinhos disputavam a posse de uma bola em forma de bip eletrônico na tela ao mesmo tempo que tentavam se destruir mutuamente.
O garoto era bom no jogo. Tinha coordenação e raciocínio rápido. Estava ganhando da máquina.
O pai pegou a bola nova e ensaiou algumas embaixadas. Conseguiu equilibrar a bola no peito do pé, como antigamente, e chamou o garoto.
- Filho, olha.
O garoto disse "Legal", mas não desviou os olhos da tela. O pai segurou a bola com as mãos e a cheirou, tentando recapturar mentalmente o cheiro de couro. A bola cheirava a nada. Talvez um manual de instrução fosse uma boa ideia, pensou. Mas em inglês, para a garotada se interessar.
Comédias para ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

PARA PROVA!!

Um caso de burro
Machado de Assis
Quinta-feira à tarde, pouco mais de três horas, vi uma coisa tão interessante, que determinei logo de começar por ela esta crônica. Agora, porém, no momento de pegar na pena, receio achar no leitor menor gosto que eu para um espetáculo, que lhe parecerá vulgar, e porventura torpe. Releve a importância; os gostos não são iguais.
Entre a grade do jardim da Praça Quinze de Novembro e o lugar onde era o antigo passadiço, ao pé dos trilhos de bondes, estava um burro deitado. O lugar não era próprio para remanso de burros, donde concluí que não estaria deitado, mas caído. Instantes depois, vimos (eu ia com um amigo), vimos o burro levantar a cabeça e meio corpo. Os ossos furavam-lhe a pele, os olhos meio mortos fechavam-se de quando em quando. O infeliz cabeceava, mais tão frouxamente, que parecia estar próximo do fim.
Diante do animal havia algum capim espalhado e uma lata com água. Logo, não foi abandonado inteiramente; alguma piedade houve no dono ou quem quer que seja que o deixou na praça, com essa última refeição à vista. Não foi pequena ação. Se o autor dela é homem que leia crônicas, e acaso ler esta, receba daqui um aperto de mão. O burro não comeu do capim, nem bebeu da água; estava já para outros capins e outras águas, em campos mais largos e eternos.
Meia dúzia de curiosos tinha parado ao pé do animal. Um deles, menino de dez anos, empunhava uma vara, e se não sentia o desejo de dar com ela na anca do burro para espertá-lo, então eu não sei conhecer meninos, porque ele não estava do lado do pescoço, mas justamente do lado da anca. Diga-se a verdade; não o fez - ao menos enquanto ali estive, que foram poucos minutos. Esses poucos minutos, porém, valeram por uma hora ou duas. Se há justiça na Terra valerão por um século, tal foi a descoberta que me pareceu fazer, e aqui deixo recomendada aos estudiosos.
O que me pareceu, é que o burro fazia exame de consciência. Indiferente aos curiosos, como ao capim e à água, tinha no olhar a expressão dos meditativos. Era um trabalho interior e profundo. Este remoque popular: por pensar morreu um burro mostra que o fenômeno foi mal entendido dos que a princípio o viram; o pensamento não é a causa da morte, a morte é que o torna necessário. Quanto à matéria do pensamento, não há dúvidas que é o exame da consciência. Agora, qual foi o exame da consciência daquele burro, é o que presumo ter lido no escasso tempo que ali gastei. Sou outro Champollion, porventura maior; não decifrei palavras escritas, mas ideias íntimas de criatura que não podia exprimi-las verbalmente.
E diria o burro consigo:
"Por mais que vasculhe a consciência, não acho pecado que mereça remorso. Não furtei, não menti, não matei, não caluniei, não ofendi nenhuma pessoa. Em toda a minha vida, se dei três coices, foi o mais, isso mesmo antes haver aprendido maneiras de cidade e de saber o destino do verdadeiro burro, que é apanhar e calar. Quando ao zurro, usei dele como linguagem. Ultimamente é que percebi que me não entendiam, e continuei a zurrar por ser costume velho, não com ideia de agravar ninguém. Nunca dei com homem no chão. Quando passei do tílburi ao bonde, houve algumas vezes homem morto ou pisado na rua, mas a prova de que a culpa não era minha, é que nunca segui o cocheiro na fuga; deixava-me estar aguardando autoridade."
"Passando à ordem mais elevada de ações, não acho em mim a menor lembrança de haver pensado sequer na perturbação da paz pública. Além de ser a minha índole contrária a arruaças, a própria reflexão me diz que, não havendo nenhuma revolução declarado os direitos do burro, tais direitos não existem. Nenhum golpe de estado foi dado em favor dele; nenhuma coroa os obrigou. Monarquia, democracia, oligarquia, nenhuma forma de governo, teve em conta os interesses da minha espécie. Qualquer que seja o regime, ronca o pau. O pau é a minha instituição um pouco temperada pela teima que é, em resumo, o meu único defeito. Quando não teimava, mordia o freio dando assim um bonito exemplo de submissão e conformidade. Nunca perguntei por sóis nem chuvas; bastava sentir o freguês no tílburi ou o apito do bonde, para sair logo. Até aqui os males que não fiz; vejamos os bens que pratiquei."
"A mais de uma aventura amorosa terei servido, levando depressa o tílburi e o namorado à casa da namorada - ou simplesmente empacando em lugar onde o moço que ia ao bonde podia mirar a moça que estava na janela. Não poucos devedores terei conduzido para longe de um credor importuno. Ensinei filosofia a muita gente, esta filosofia que consiste na gravidade do porte e na quietação dos sentidos. Quando algum homem, desses que chamam patuscos, queria fazer rir os amigos, fui sempre em auxílio deles, deixando que me dessem tapas e punhadas na cara. Em fim..."
Não percebi o resto, e fui andando, não menos alvoroçado que pesaroso. Contente da descoberta, não podia furtar-me à tristeza de ver que um burro tão bom pensador ia morrer. A consideração, porém, de que todos os burros devem ter os mesmos dotes principais, fez-me ver que os que ficavam não seriam menos exemplares do que esse. Por que se não investigará mais profundamente o moral do burro? Da abelha já se escreveu que é superior ao homem, e da formiga também, coletivamente falando, isto é, que as suas instituições políticas são superiores às nossas, mais racionais. Por que não sucederá o mesmo ao burro, que é maior?
Sexta-feira, passando pela Praça Quinze de Novembro, achei o animal já morto.
Dois meninos, parados, contemplavam o cadáver, espetáculo repugnante; mas a infância, como a ciência, é curiosa sem asco. De tarde já não havia cadáver nem nada. Assim passam os trabalhos deste mundo. Sem exagerar o mérito do finado, força é dizer que, se ele não inventou a pólvora, também não inventou a dinamite. Já é alguma coisa neste final de século. Requiescat in pace.
Disponível em .

terça-feira, 22 de junho de 2010

Olimpíada de Língua Portuguesa 2010

Escrevendo a Crônica

Essa á a hora de relembrar a situação de comunicação: cada um dos alunos é um autor que vai escrever sobre situações do lugar onde vivem para colegas, educadores, pais e familiares.

Reserve um tempo para planejar a crônica antes de passar para o papel.
Agora, só resta desejar boa escrita a todos!

TEMA GERAL: O LUGAR ONDE VIVO.

sábado, 19 de junho de 2010

A parábola da rosa

Certa vez, um homem plantou uma roseira e passou a regá-la constantemente.
 
Assim que ela soltou seu primeiro botão que em breve desabrocharia, o homem notou espinhos sobre o talo e pensou consigo mesmo: "como pode uma flor tão bela vir de uma planta rodeada de espinhos?"
 
Entristecido com o fato, ele se recusou a regar a roseira e, antes mesmo de estar pronta para desabrochar a rosa morreu.
 
Isso acontece com muitos de nós com relação à nossa semeadura.
 
Plantamos um sonho e, quando surgem as primeiras dificuldades, abandonamos a lavoura.
 
Fazemos planos de felicidade, desejamos colher flores perfumadas e, quando percebemos os desafios que se apresentam, logo desistimos e o nosso sonho não se realiza.
 
Os espinhos são exatamente os desafios que se apresentam para que possamos superá-los.
 
Se encontramos pedras no caminho é para que aprendamos a retirá-las e, dessa forma, nossos músculos se tornem mais fortes.
 
Não há como chegar ao topo da montanha sem passar pelos obstáculos naturais da caminhada. E o mérito está justamente na superação desses obstáculos.
 
O que geralmente ocorre é que não prestamos muita atenção na forma de realizar nossos objetivos e, por isso, desistimos com facilidade e até justificamos o fracasso lançando a culpa em alguém ou em alguma coisa.
 
O importante é que tenhamos sempre em mente que se desejamos colher flores, temos que preparar o solo, selecionar cuidadosamente as sementes, plantá-las, regá-las sistematicamente e, só depois, colher.
 
Se esperamos colher antes do tempo necessário, então a decepção surgirá.
 
Se temos um projeto de felicidade, é preciso investir nele. E considerar também a possibilidade de mudanças na estratégia.
 
Se, por exemplo, desejamos um emprego estável, duradouro, e não estamos conseguindo, talvez tenhamos que rever a nossa competência e nossa disposição de aprender.
 
Não adianta jogar a culpa nos governantes nem na sociedade, é preciso, antes de tudo, fazer uma avaliação das nossas possibilidades pessoais.
 
Se desejamos uma relação afetiva duradoura, estável, tranqüila, e não conseguimos, talvez seja preciso analisar ou reavaliar nossa forma de amar.
 
Quando os espinhos de uma relação aparecem, é hora de pensar numa estratégia diferente, ao invés de culpar homens e mulheres ou a agitação da vida moderna, ou simplesmente deixar a rosa do afeto morrer de sede.
 
Há pessoas que, como o homem que deixou a roseira morrer, deixam seus sonhos agonizarem por falta de cuidados ou diminuem o seu tamanho. Vão se contentando com pouco na esperança de sofrer menos.
 
Mas o ideal é estabelecer um objetivo e investir esforços para concretizá-lo.
 
Se no percurso aparecer alguns espinhos, é que estamos sendo desafiados a superar, e jamais a desistir.
 
***
 Quem deseja aspirar o perfume das rosas, terá que aprender a lidar com os espinhos.
 
Quem quer trilhar por estradas limpas, terá que se curvar para retirar as pedras e outros obstáculos que surjam pela frente.
 
Quem pretende saborear a doçura do mel, precisa superar eventuais ferroadas das fabricantes, as abelhas.
 
Por tudo isso, não deixe que nenhum obstáculo impeça a sua marcha para a conquista de dias melhores.

bjão

Coragem

"A semente não pode saber o que lhe vai acontecer, a semente jamais conheceu a flor. E a semente não pode nem mesmo acreditar que traga em si a potencialidade para transformar-se em uma bela flor. Longa é a jornada. E sempre será mais seguro não entrar nela, porque o percurso é desconhecido, e nada é garantido...mil e uma são as incertezas da jornada, muitos são os imprevistos - e a semente sente-se em segurança, escondida no interior de um caroço resitente. Ainda assim ela arrisca(...) a luta começa no mesmo momento: a batalha com o solo, com as pedras, com a rocha. A semente era muito resistente, mas a plantinha será muito, muito delicada , e os perigos serão muitos. Muita coragem será necessária"

quinta-feira, 13 de maio de 2010

A importância de saber escrever bem!!!

Ao longo de minha atividade como professor de redação, tenho encontrado muitos estudantes que se queixam: Como é difícil escrever bem! Será que um dia vou conseguir dominar a língua portuguesa?

O problema, na verdade, começa no fato de que ainda se confunde a língua escrita com a língua falada. Como aprendemos a falar naturalmene, sem regras nem nada, apenas repetindo o que ouvimos, muita gente pensa que para escrever bem, basta escrever como se fala. Aí é que está o engano.

Para falar, usamos o corpo todo, mexemos as mãos e a cabeça, modulamos a voz, enfim, usamos vários recursos que estão ausentes na língua escrita. Por isso, uma coisa é falar com alguém que está à nossa frente e que, com um simples gesto ou olhar, nos informa que está entendendo tudo; outra coisa muito diferente é escrever. Como garantir que as idéias estão claras? Como fazer que outra pessoa entenda bem o que queremos expressar? Para redigir um bom texto, é preciso estudar, aprender certos conceitos, ampliar o vocabulário e praticar bastante. Não é o fim do mundo, mas exige dedicação, esforço e concentração. Com preguiça e má vontade ninguém aprende nada, nem português nem coisa alguma.

E por que é importante saber bem a nossa língua? Porque vivemos numa sociedade letrada que exige o domínio da língua escrita. Se alguém quiser investir numa carreira profissional, deve desenvolver essa capacidade. Sim, pois todos podem aprender a escrever bem, isso não é questão de sorte ou talento. Não se trata de aprender a ser poeta ou escritor, não estamos falando de literatura, que exige outras qualidades de quem escreve. Estamos falando de alguém que queira se expressar de modo claro, que queira redigir um relatório de trabalho, uma correspondência comercial, um trabalho para a faculdade, uma redação para o vestibular. Para esses casos, é claro que é possível aprender, em pouco tempo, as técnicas básicas para escrever bem. Depois, é praticar bastante e ler com atenção para ver como outras pessoas elaboram seus textos.

Saber bem o português, falar de modo claro, sem afetação, e escrever de forma fluente, sem cometer erros grosseiros de ortografia ou concordância, não é uma tarefa para superdotados. Basta ter força de vontade para estudar e praticar. E essa competência enriquece muito o currículo profissional, pois o modo como alguém se expressa é uma espécie de cartão de visitas, podendo causar boa ou má impressão logo à primeira vista.

Num mundo como o nosso, em que a comunicação é fundamental, saber escrever bem a própria língua é um requisito indispensável para o sucesso profissional. Foi-se o tempo em que estudar português era apenas uma tarefa escolar.

Douglas Tufano é professor de português, literatura e história da arte. Tem vários livros publicados pela Editora Moderna, para o ensino fundamental e médio, tais como Moderno dicionário escolar, Gramática fundamental, A história de Jesus através da arte, Debret. A carta de Pero Vaz de Caminha, entre outros.

quarta-feira, 12 de maio de 2010